Vamos tornar-nos mais civilizados?

quarta-feira, 29 de abril de 2009

O Lopes quando ia de mota

Recebi este e-mail que transcrevo na íntegra

Lopes da Mota o impoluto filho de uma impoluta justiça

 
 

 

Texto de e-mail divulgado

 Há coincidências tramadas. Então não é que o procurador Lopes da Mota, o tal a quem os procuradores titulares pelo processo Freeport acusam de pressões, para além de ex-colega de Governo de Sócrates, ter sido igualmente suspeito de ter fornecido informações a Fátima Felgueiras sobre a investigação que corria contra si!?

Antes de rumar a Bruxelas, onde é agora presidente (meu Deus) do Eurojust (organismo europeu encarregado de zelar pela colaboração judiciária entre as autoridades dos diversos países), o digno procurador esteve colocado no Tribunal de Felgueiras.

Na altura, o dito cujo era secretário-geral da PGR e apontado como o possível sucessor de Cunha Rodrigues. O seu suposto envolvimento no processo de Fátima Felgueiras acabou por o fragilizar, ao ponto de ter perdido a vantagem para Souto Moura na nomeação para Procurador-Geral da República. Olhem do que escapámos, então é que era líquido que se arquivariam todos os processos que envolvessem a camarilha e ainda lá estaria.

É claro que não perderam tempo, havia que colocar o homem certo no lugar certo, é que, do mal o menos, assim sempre se salvaguardava a corrupção à portuguesa, em particular  os da sua família política.

O mais curioso, é que o inquérito, aberto pelo procurador-geral Souto de Moura (o tal que fingia ser um totó, para levar o barco a bom porto), foi arquivado por falta de qualquer tipo de provas nesse sentido. É que para determinados indivíduos, ou personalidades, as escutas telefónicas nunca provam nada, conforme podem atestar no Anexo.

Passo a transcrever o artigo em que Joaquim Vieira (que será feito dele?) denuncia, sem referir quem, no encerrado (pois claro, porque era incómodo) suplemento "Grande Reportagem", o comportamento de um ilustre da nossa "justiça", que eu, com o meu reconhecido mau feitio, jurei não esquecer e digitalizei, esperando ainda um dia vir a pedir contas. Mas aqui vai:

''Mãos sujas na justiça

Aos olhos dos cidadãos, há dois pesos e duas medidas na prática judicial

O país nem  reagiu à notícia de uma semana, anestesiado pelos sucessivos casos que têm abalado a confiança dos portugueses na Justiça. Concluído o inquérito ao suposto favorecimento de Fátima Felgueiras por um juiz do Supremo Tribunal Administrativo, chegou-se a um relatório com quase uma centena de páginas de transcrições de escutas telefónicas entre a foragida presidente da Câmara Municipal de Felgueiras e o magistrado, onde este transmite instruções à autarca para fugir à acção judicial que sobre ela impede por suspeitas de corrupção enquanto responsável máxima do executivo concelhio. Mais: o insigne jurista promete-lhe interceder junto de outros magistrados para os pressionar a abafar o processo. Quanto à acção movida a Felgueiras com vista à perda do mandato em consequência do processo de corrupção, o mesmo juiz pede-lhe que ela o avise do envio dos autos para o Tribunal Administrativo do Porto, para que ele accione logo influências junto do Ministério Público (e a verdade é que a autarca foi aí absolvida, com base no decisivo depoimento do magistrado em audiência, como sua testemunha de defesa). Vem a saber-se ainda que, já como vereadora em Felgueiras, 10 anos antes, a autarca vira ser arquivado semelhante processo contra si, também no mesmo tribunal portuense e aparentemente após diligências do mesmo magistrado. Como se tudo isto não bastasse, apurou-se agora que, no espaço de uma hora antes de a autarca fugir para o Brasil, há ano e meio, aparentando saber por antecipação que ia ser detida nesse dia, houve dez chamadas telefónicas do Tribunal Tributário do Porto, onde o magistrado disporia de gabinete, supostamente para Felgueiras (e mais uma para o seu ex-marido). Note-se que não estamos a falar de um magistrado qualquer, mas de um juiz-conselheiro. Em que outros processos terá sujado as mãos, ao longo de uma carreira que o levou ao topo? São situações como esta que levam a concluir que algo está podre no reino da Justiça e que, aos olhos dos portugueses, existe definitivamente uma prática judicial (implacável) para os cidadãos anónimos e outra (com inúmeras escapatórias) para quem pode dispor de influência social.

In Grande Reportagem de 9 de Outubro de2004 - OS PASSOS EM VOLTA de Joaquim Vieira''

Não fosse o facto de ele ter sido ilibado eu julgava que o indivíduo não passava de um canalha, sem escrúpulos de espécie alguma, mas como o foi, tenho que reconhecer estar enganado, e que o "traste" é honestíssimo, incapaz, ou de tomar qualquer atitude menos honesta, de pressionar seja quem for.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Os Pós e os Contas e ainda o descrédito da Justiça

Gosto imenso deste programa Prós e Contras. 
É do melhor que há para que a ignorância se sinta informada. Pena é que o não seja. 
Desta vez os convidados eram de peso. O levezinho era eu que não era convidado. De tal forma, que depois de resolvido ali o problema do descrédito da Justiça em meia penada, inclusive por uma pessoa que pertence a um novo grupo sociológico criado pela classe política portuguesa, a saber, "os amnistiados", isto é, gente que depois de acusada, ficou dispensada de se defender quer por não ter defesa, quer por tê-la, mas sobre quem a nuvem da suspeição pairou, paira e pairará, resolvi vir-me embora pois o programa está inquinado.
Está inquinado porque ninguém explicou ao Zé Povinho que lhe dá de comer que há nomeações políticas para o CSM e para o CSMP e, por via dos nomeados, os partidos estão lá dentro. Os partidos são uma espécie de Deus da actualidade "democrática" que têm o dom da ubiquidade: estão em todo o lado e estão também no CSM  e no CSMP que eram sítios que nem sequer deviam visitar, em nome da democracia que apregoam, mas não existe. Segundo os entrevistados ou participantes deste autêntico número de circo, os Corpos fecham-se sobre si próprios e tendem a tornarem-se corporações que se auto-regulam, por vezes mal. 
Nada me parece mais falso. O CSM e o CSMP não sabem é a quem hão-de queixar-se das violações consecutivas de que são vítimas por parte do poder político e dos partidos de onde ele emana. Estão piores que uma profissional do sexo que tem de dar borlas.
Perante isto, prefiro um passaporte inglês, ainda que seja para ir viver para o Burundi. Lá, pelo menos, sei que quem tem a arma tem a legitimidade de ditar a lei. Isto parece-me bastante mais claro para todos e também mais justo!


Contributo para mais uma "teoria da conspiração"

A coisa ter-se-á passado assim:
Eles precisavam de se alimentar para ganhar e, para o fazer mais facilmente, muito convinha que o adversário não se alimentasse. Melhor dito, O PS precisava de fazer dinheiro para gastar em propaganda eleitoral e sei lá eu que mais. Por seu turno, O PSD, sentia a mesma necessidade. Ambos sabiam que descobrir a careca do outro, se não lhe fechasse a torneira, ia, pelo menos reduzir substancialmente o caudal e, portanto, enfraquecer o outro. 
Assim sendo, por uma coincidência irónica, uma das fontes secou devido a circunstância imprevistas (a crise) e vai daí, BPN ao fundo. Ora, do outro lado, o PSD, tem de fazer secar a fonte do PS. Vai daí, temos Freeport!
Agora, andam ambos a tentar tramar-se o mais possível, pelos meios mais obscenos, e o próximo governo que tivermos será de especialistas do "bota abaixo o adversário"
A tudo isto o senhor PR assiste impávido e sereno, fazendo hipócritas declarações de preocupação de índole social, como se não estivesse, de algum modo, nesta realidade.
É que uma parte considerável de membros dos seus Governos se viram envolvidos nestes escândalos. Além disso, vão lá aos arquivos das televisões e vejam como o então PM olhava para os problemas sociais. Já a minha avozinha me dizia: diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és... Problemas sociais eram o enriquecimento dos que lhe estavam próximos. E é por essas e por outras que advogados de vão de escada, sem que se perceba como nem por quê se vêem de repente, com contas bancárias dignas de gente "muito rica".
É esta gentinha que está destinada a governar o País. Depois querem que as pessoas condenem comportamentos inspirados nos anos 70, de acção directa.
Cá para mim, o primeiro dever ético de um ser humano é sobreviver... só depois vêm os outros que já serão morais e, depois ainda, a dignidade!

domingo, 26 de abril de 2009

A sondagem

Utilizando um novíssimo algoritmo que não falhou em qualquer dos muitos testes que fez, estamos a proceder a uma sondagem de opinião acerca do vencedor das próximas legislativas. As projecções apontam para uma vitória inequívoca do candeeiro a petróleo, mas também para uma votação que lhe permitirá continuar a zurrar com legitimidade de Paulo Portas.
Participe nesta antecipação da triste realidade que nos espera.
Eu, por mim, estou a caminho do Governo Civil aqui da área, a fim de renovar o passaporte: os ratos começam a abandonar o navio!

sábado, 25 de abril de 2009

A propósito desta efeméride

Aqui fica uma canção para os dois primeiros cá do pântano!


Eleições à porta

A ideia de que as eleições estão aí à porta e que estamos todos condenados a votar em males menores (embora cada um conclua com toda a legitimidade qual o seu) causa-me náuseas! Deixo-vos algo de nauseabundo que ilustra musicalmente o meu estado mental face a esta perspectiva.


sexta-feira, 24 de abril de 2009

A Dignidade, esse valor que escasseia

Depois de ter sabido que ninguém era culpado pela queda da ponte de Entre-os-Rios (o que me causou algum espanto), fiquei menos espantado quando soube que os queixosos teriam de suportar as custas do processo. O que me indigna é o facto de lhes ser perdoada a dívida sem que se perceba por quê?
Afinal parece haver uma má-consciência a pesar em tal "generosidade". Isto bem vasculhadinho, e ainda descobrámos que foi mal conduzido, ou coisa pior....




Mais Magistratura em horário nobre

Nada tenho contra a magistratura deste país e até me tornaria um seu admirador se não aparecessem tanto na TV. Sabendo eu que a TV e os media, de uma forma geral, vivem de sangue, temo que a magistratura portuguesa ande ferida. Não percebo é onde, nem por quê ou quem. Acho bastante estranho que o sorteio de processos na Relação se realizem no Ministério da Justiça, com os meios técnicos e humanos do Ministério da Justiça, mas isso é facilmente explicado pela necessidade de um aproveitamento integral dos recursos disponíveis e, dada a presente crise e as passadas, feito a título gracioso. Acho mais estranho ainda que dois magistrados, gente que é conhecida por "cortar a direito" doa a quem doer, se queixem de terem sido pressionados, enquanto outra digníssima magistrada afirma publicamente que não há pressões nenhumas. Mas isso pode ter sido devido a um mau momento de ambos e um bom momento da segunda, ou vice-versa. Entretanto, o Presidente do Sindicato dos Magistrados declara na TV que as afirmações do seu último discurso não tinham por suporte nenhum caso em particular, mas eram declarações de princípio ou coisa que o valha, mas isso pode explicar-se por talvez ser adepto da filosofia do direito e, por isso, nunca querer descer ao concreto, preferindo ficar-se in tese.
Perante isto, e não tendo eu qualquer formação jurídica, pergunto se caso tenha alguma vez algum problema com a Justiça portuguesa, era possível eu ser julgado em Inglaterra?
Se souberem de alguma forma, digam-me porque é bom andarmos prevenidos. Nunca se sabe!
É que um advogado meu amigo que antes do 25 de Abril de 74 requereu Habeas Corpus para o seu cliente que estava preso havia imenso tempo, sem qualquer culpa formada, foi chamado ao gabinete do juiz que lhe perguntou apenas se ele não tinha reparado que aquele processo tinha sido instruído pela PIDE e o ameaçou com multas e sei lá que mais.
Ora, talvez comece a ficar esquizofrénico, ou acentuadamente esquizóide, estou em crêr que a Pide está de volta com outros nomes e novas roupagens. Sinais dos tempos.


quarta-feira, 22 de abril de 2009

Contribuição para uma História Nacional da Infâmia

Não pretendo aqui imitar ou macaquear Fernão Mendes Pinto e, muito menos, Jorge Luís Borges, autor da História Universal da dita, mas não encontro título mais adequado ao que os meus olhos vêem, os meus ouvidos ouvem e a minha sensibilidade ou falta dela experimenta.
Soube que alguns milhares de pensionistas, que têm reformas abaixo de miseráveis, terão interpretado erradamente que não teriam de fazer uma declaração de IRS. 
Em face disto, as Finanças, céleres como são a cobrar, imediatamente começaram a enviar notificações de multas para essas pessoas. São multas que despromovem a miséria em que muitas dessas pessoas vivem à indigência. 
Acontece que um movimento se forma, no sentido de amnistiar ou perdoar essas multas que em tempos difíceis como o que atravessamos, se tornam ainda mais penosas.
A resposta do Ministério das Finanças é a de que não pode perdoar porque seria abrir um precedente. 
Num País em que gestores públicos cometem o crime de pagar multas pessoais com dinheiros públicos, e não respondem no banco dos réus de um tribunal criminal como a lei determina, em que um conselheiro de Estado aparece envolvido em crimes que lesam o País e as Finanças Públicas sem que alguém de direito lhe peça a mínima satisfação, onde o PM aparece envolvido num obscuro caso de corrupção, com a Procuradoria a afirmar que não é suspeito, é infame que obriguem estas pessoas a pagarem o que está fora das suas possibilidades, afundando-os ainda mais. 
Tudo isto é infame!


terça-feira, 21 de abril de 2009

O inconsciente colectivo, Jung, eu e a velha.

Tive hoje, entre outras coisas, de me deslocar para o meio da cidade, para ir a uma Conservatória e depois a um notário, ou coisa que o valha. Aquele tipo de serviços públicos que por mais simplex que haja, serão sempre complicados, sobretudo demorados. Confesso que o critério que utiizo para me vestir quando não vou trabalhar é o que estiver mais à mão, pelo que não iria com a melhor das aparências.
A minha bexiga não se compadece com burocracias, motivo pelo qual já quase pela hora de almoço tive de ir a um café e, enquanto deixava numa mesa a minha mulher à espera dos cafés, dirigi-me à casa-de-banho que era de entrada mista e com portas de saloon.
Aí dei com uma senhora de idade que manifestava grande dificuldade em manejar as portas e segurar num carrinho de compras de lona e com rodas. 
Apercebendo-me da dificuldade da senhora, puxei uma das portas e agarrei no carrinho para lhe permitir descer o degrau que ela teria de descer e eu de subir. Como resposta levei uma palmada na mão e algo gritado que não percebi o que tivesse sido. Espantado, balbuciei, que estava apenas a tentar ajudar a senhora. Mas imediatamente me apercebi que tinha entendido mal o meu gesto e que pensou que eu tentava roubar-lhe o saco. 
 Como português típico, deveria afirmar a minha indignação por tentar ajudar quem manifestamente se encontrava em dificuldades e receber em troca palmadas numa mão. E que a partir de tal momento tinha boas razões para não ajudar mais nenhum idoso, pois não estou para levar mais palmadas injustificadas. Mas não! Não o farei!
Percebo que as pessoas andem desconfiadas e inseguras. Por isso, a partir de agora, primeiro vamos ao notário onde ficará registado que a ajuda que prestarei aquele idoso ou idosa, não terá por detrás qualquer outra intenção que não a ajuda mesmo. Só depois auxiliarei!

http://www.youtube.com/watch?v=kSzF9APwKO8

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Legislação, Animais e Ética

Tendo tido folga hoje, fui ao Canil Municipal de Coimbra no sentido de renovar as vacinas dos meus cães. Fiquei a saber que por cada um pagarei cerca de nove euros e trinta cêntimos e só à quinta-feira à tarde os posso vacinar. Decidi ir então ao veterinário habitual dos meus animais, um profissional ímpar, que não só não faz da sua actividade um negócio à portuguesa, como tem a preocupação de explicar tudo quanto é preciso aos donos dos seus pacientes. A preocupação pedagógica daquele senhor devia constituir-se como exemplo para muitas das actividades profissionais deste charco, ocorrendo-me logo advogados à cabeça, seguidos dos funcionários do Fisco.
Voltando à "vaca fria", nos tempos que correm e nos que por aí vêm, muitas das pessoas que têm animais não dispõem dessas verbas para si, quanto mais para os seus animais, por muito que gostem deles. 
Não partilhando deste ponto de vista, tal qual o exponho, sei que é esse o pensamento que enforma a prática da maioria dos "amigos dos animais" neste sítio mal-frequentado a que chamamos Portugal. E não é de estranhar que assim pensem, pois mesmo o legislador não pensará de modo substancialmente diferente. Quando não, veja-se a legislação que regula a posse de animais. Podemos ficar logo pelo facto de serem considerados "coisas". Não se pode dizer dos autores da referida legislação que sejam pessoas que percebam muito de animais, ou sequer tenham reflectido qualquer coisa que valha a pena acerca do assunto. Para que não me acusem de muito criticar e nada fazer, aqui deixo um livro definitivo, de um autor neo-zelandês,professor de Ética na Universidade de Oxford, mundialmente consagrado no domínio da Ética, ética de que tanto se fala nos corredores do poder, porque muita lá falta, e porque não sabem o que é que distingue deontologia de Ética.
"Libertação Animal" de Peter Singer. Para deputados-caciques e outros semi-analfabetos que por lá possam andar, existe mesmo uma tradução portuguesa que os pode esclarecer e devolver-lhes, qual espelho, a imagem da besta que manifestam (e as bestas que me perdoem por serem motivo de comparação com tal gente).
Isto acontece em Portugal, numa era em que seres humanos já habitam o espaço...



domingo, 19 de abril de 2009

A Falibilidade do Preservativo e a infalibilidade Papal

Por acaso ou qualquer outro motivo, não existe aqui na blogoesfera, alguém que diga ao B. 16 e ao senhor cardeal patriarca lá dos dele de Lisboa que neste mundo até a vida é falível, quanto mais um preservativo. Hão-de reparar que à volta deles, de vez em quando, morre alguém que nunca tinha morrido. E estou em condições de garantir a ambos que isto se passa também por todo o planeta e não só à volta deles.
É estranho que ambos não se lembrem, porque esse é o negócio deles. As almas que partem a tempo e destempo, segundo eles, para o Céu, para o Inferno ou para o Purgatório.

Farmácias, farmacêuticos

Que estranho acho que alguém que só pode ser dono de uma farmácia, possa concluir, a partir do receituário, que há médicos que mantêm relações espúrias com a indústria farmacêutica. Essas conclusões, tornar-se-ão muito mais fiáveis se lá em casa houver mais do que um proprietário de uma farmácia, v.g. se a mulher tiver outra, o sogro outra, a filha outra, o genro outra, o pai outra e a mãe outra, a fiabilidade alterar-se-á ligeiramente. Bem, se cada cão lá de casa e cada gato tiverem outra, a fiabilidade das conclusões sobe ainda mais. O trabalho por amostragem é sempre falível, muito embora já um ex-delegado de propaganda médica tivesse denunciado este tipo de relações, tendo-se traduzido a conclusão do processo por uns ossos partidos e uma estadia não programada num serviço de ortopedia. 
Agora a coisa é diferente. A indústria farmacêutica está perante um peso pesado destas coisas.
Entretanto, este pântano à beira-mar estagnado, constitui-se como dos mais aprazíveis locais para médicos, farmacêuticos e a indústria que faz mover uns e outros. Quem paga somos nós, com o pouco que temos para sobreviver!


A CGD, o nivelamento de rendimentos

Recebi um email com o seguinte teor:

Isto, a ser verdade, não é uma vergonha, como diz o texto. É um roubo encapotado e com cobertura legal. 
Mas, afinal, em que consiste uma "manutenção de conta"? Será que haverá uma senhora da limpeza que vai de espanador em punho limpar os discos rígidos dos terminais das agências para que as contas apareçam limpas e essa senhora tem de ser paga? Se é, então o BPN e o BPP deveriam ter algumas dezenas de senhoras a polirem discos rígidos....
Ou será que é com esses dinheiros extorquidos a quem deles mais precisa que se vão viabilizar bancos de ricos?

sábado, 18 de abril de 2009

As provas ilegais

Foi com curiosidade que vi e ouvi as declarações de Charles Smith acerca do caso "Freepor", para utilizar o termo do nosso primeiro-ministro.
Depois de ouvir o senhor, fiquei com a ideia de que Portugal tinha batido no fundo. Lembrei-me subitamente da Lei de Murphy que afirma que nada está tão mau que não possa ainda piorar, o que me levou a tentar projectar cenários possíveis para o desenvolvimento deste escândalo. Confesso, que não consegui, pois sempre defendi que qualquer homem minimamente probo, à menor suspeita, deveria imediatamente auto-suspender-se ou demitir-se, até que a situação fosse esclarecida. Mas isso sou eu. 
Estranho parece-me o silêncio do PCP, assim como me soa estranho que o BE não faça mais barulho! Do PSD, não esperava outra coisa, já que boa parte do staff do Primeiro-ministro Cavaco Silva, se encontra igualmente comprometida com outros escândalos.
Em face disto, sou obrigado a concluir que poderíamos resolver boa parte dos problemas financeiros que o País tem, exportando trafulhices e escândalos. O único problema de um projecto destes é a falta de qualidade do produto exportado. Teríamos de melhorar os aldrabões e as aldrabices para as conseguirmos exportar. Temo que não o consigamos, porque a realidade aqui parece ser de terceira categoria.
Alguém consegue mudar o rumo dos acontecimentos?

A relação nascente

Recebi há não muito uma mensagem das Finanças em que me davam um código para que os autorizasse a mandarem-me mensagens. 
Até aqui, tramavam-me e eu era posto perante um facto consumado, de acordo com as mais lídimas tradições do poder em Portugal. Agora tramam-me na mesma, mas com aviso prévio. Não haja dúvida de que progredimos. Para que esta segunda modalidade aconteça, terei de lhes dar a minha autorização, sob pena de continuarmos no antigo regime, caso não a dê. 
É claro que já a têm. 
Como não tenho possibilidades de integrar o grupo que finta o Fisco e faz das relações com este uma tourada nacional, é melhor que seja sodomizado com aviso prévio, porque sodomizado pelo fisco será o comum dos cidadãos deste local mal frequentado, à beira-mar estagnado.
Obrigado, Fisco!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Eu, a engenharia, os estaleiros de Viana do Castelo, os Kinks e a (o) Lola

Foi com a maior naturalidade que ouvi a notícia de que os Estaleiros Navais de Viana do Castelo não tinham conseguido colocar um navio por si construído a navegar à velocidade  que o cliente pretendia. Já sabemos da qualidade da engenharia que formamos, especialmente em fins-de-semana!
Foi ainda com naturalidade que ouvi que o Governo de uma das nossas regiões autónomas (o cliente), não só não aceitaria o navio, como tencionava pedir uma indemnização pelo não cumprimento dos prazos estabelecidos no contrato e pelo não cumprimento da velocidade que o navio devia atingir. Está tudo certo: a somar às deficiências da engenharia temos a planificação de trabalho em que também estamos longe de ser maus: situamos-nos no péssimo. 
O que acho estranho é que a toda esta argumentação o estaleiro responda que o cliente tem toda a razão, sem mais, nem ontem.
Se o que se pretende é descapitalizar e encerrar os estaleiros, escolheram a forma mais obscena possível para o fazer. Mas, admito que algum "iluminado" o tenha posto em prática. O que acho estranho é que ninguém, absolutamente ninguém, se proponha accionar os responsáveis por este autêntico crime económico.
Mas, então, não há responsáveis por esta farsa? Sairão os autores deste fiasco impunes desta situação. Ou, pior que isto, será que os Estaleiros de Viana do Castelo não eram, de todo, capazes de satisfazer os requisitos da encomenda que se propuseram satisfazer?
Não há processos de averiguações, apuramento de responsabilidades?!?!?!
Não há ninguém que se lembre que todos nós já pagámos e continuamos a pagar para que aqueles estaleiros se mantivessem abertos e a laborar, para que não aumente ainda mais o desemprego?
Irra! Exijo um inquérito e o apuramento de responsabilidades, porque se não houver uma coisa nem outra, há uma qualquer jogada por detrás da cortina!

domingo, 12 de abril de 2009

As Baltazar Garzon's cá do Pântano

Dizerem-me que o Poder político é fraco, é tão informativo para mim quanto dizerem-me que dois mais dois são quatro. 
Afirmarem-me que a população portuguesa, na sua esmagadora maioria, é ignorante e que toma como referências ídolos que são de uma mediocridade confrangedora, é o mesmo que me dizerem que o céu é azul. 
Quando olho para a TV e me deparo com um programa dedicado à vida privada de quatro Procuradoras Gerais Adjuntas, a coisa já ganha o carácter informativo que uma folha de papel higiénico em segunda mão pode assumir. Qualquer programa de qualquer canal de pornografia hard-core seria menos obsceno. A coisa torna-se nojenta, tão nojenta quanto nojento me parece o Garzon, "nuestro vicino", que só por analogia para aqui é chamado. 

In illo tempore, em circunstâncias particularmente lamentáveis para mim e a que vos poupo, tive de ler um sujeito chamado Montesquieu que, entre outras, escreveu numa língua bárbara uma obra que intitulou "O Espírito das Leis". Nela, o autor, entre muitos outros aspectos, fixa as condições sine qua non para a existência de um regime democrático e, aproveitando conhecimentos de outros já mais antigos, reafirma a Justiça como um pilar do edifício democrático.

Ora, sabendo-se que a Justiça, por via do comportamento dos seus agentes, se deve mostrar recatada, equidistante, equilibrada, discreta e, sobretudo serena, parece-me tudo isto ter faltado às quatro distintas magistradas quando acederam a participar naquele desastre televisivo, na situação mundana que escolheram.

O que me leva directamente ao ponto seguinte: é que quando a Justiça começa a fabricar "estrelas", deixou de o ser e algo de podre há nela. A realidade parece dar-me razão e hoje já não me espanta antes ou depois de ouvir qualquer vedeta do futebol afirmar que prognósticos só no fim do jogo, ouvir na Rádio a Procuradora Geral Adjunta Cândida Almeida a afirmar o traquejo dos Delegados do Procurador e o dito a afirmar que não há pressões nenhumas e que vai abrir um inquérito. 

Não duvido do traquejo, resta-me saber em quê. Será na abertura de inquéritos?

Tenho de deixar de ouvir rádio e de ouvir televisão, sob pena de me serem passados autênticos atestados de estupidez todos os dias. Sim, prefiro o silêncio. O silêncio. Façam-na pela calada!