Vamos tornar-nos mais civilizados?

sábado, 29 de agosto de 2009

O viajante constipado do outro lado do espelho!

A Tunísia é um país muçulmano moderado. Contudo, o choque civilizacional sente-se assim que se pisa o solo, assim que se chega ao primeiro controlo de polícia. Não obstante tentem ser polidos, corteses, simpáticos, do modo mais normalizado possível, nota-se a existência de um fosso que me parece inultrapassável.
É da minha natureza tentar compreender a diferença e fazer dela não um factor de cisão, mas de aproximação, mas a desconfiança com que sou olhado pelo Islão exige muito tempo para que se desfaça, isto para o caso de ambas as civilizações estarem genuinamente interessadas numa aproximação, o que não é, para mim, líquido. É certo que mantêm vivas as memórias das cruzadas a que as nossas escolas nos pouparam e nem os mil e tal anos que passaram sararam as feridas então feitas. Por outro lado, a história do século passado e mesmo a deste século também não lhes traz boas recordações, nem creio que seja muito lisonjeira para o Ocidente.
Por muito modesto que eu possa ser, sou sempre visto por aquela gente como estando cheio de mim próprio, ciente da minha individualidade, o que tem o seu fundamento se olharmos à autêntica rede social que construíram.
Enquanto que aqui as relações entre comerciantes são concorrenciais, os comerciantes tunisinos relacionam-se com base na colaboração. Sabem que cada um por si não subsistirá. O condutor da caleche sabe que depende dos seus colegas e dos comerciante, o comerciante sabe que é a caleche que leva os turistas à sua loja, sabendo cada um deles que a interdependência é o regime que melhor os defende. Em suma, revelam uma consciência social, diria rizomática, que lhes garante a subsistência a todos. Têm um deus comum, têm objectivos comuns e estratégias comuns. É por isso que acredito que mais tarde ou mais cedo os meus netos ou bisnetos rezarão a Alá que me parece bastante mais sério, menos corrupto, menos punitivo, e mais razoável que o deus que por cá se consome.
Enquanto não percebermos que o legado heracliteano da tensão como geradora do novo, não é um registo de funcionamento social que leve cada um de nós senão à aporia que se traduz no desenvolvimento da indústria da psiquiatria, não estaremos em condições nem de dialogar, nem de combater.
Lembrar-me eu que os serviços secretos suspeitam que os elementos da Al-Qaeda comunicam entre si por e-mail com códigos de cores, dá-me uma profunda vontade de rir. Parece-me que essa hipótese era logo de se por. bastaria para tal mandarem alguém a um souk para perceber como funciona a coisa. Sobretudo somos mais estúpidos e ainda estamos convencidos do contrário!

3 comentários:

MONKO disse...

G OSTAVA DE RESPONDER.
QUER AQUI OU POSSO ENVIAR DIRECTAMENTE PARA SI.
DESCULPE A OUSADIA.
RESPONDA AQUI SFF.

Rebel disse...

As you wish!
Monko: tenho as portas abertas totalmente, especialmente para os amigos. Eu gosto da diferença, da polémica e nunca confundo isso com a pessoa. Com queiras
Um abraço!

MONKO disse...

VOU MANDAR VIA TRADICIONAL.
TALVEZ NÃO SEJA UMA DIVERGENCIA.
MAIS UM RECEIO,E A EVOLUÇÃO DAQUELES PAISES NÃO SERA COINCIDENTE COM A TUA.