Vamos tornar-nos mais civilizados?

sábado, 29 de agosto de 2009

Crónica Despardaladas de um Viajante Constipado - Epílogo

Levantámo-nos de manhã bem cedo para fazer o caminho de regresso para Hammamet, onde passaríamos os três restantes dias, até à partida do avião que nos trouxesse de volta a Lisboa. Boa parte as pessoas mantinha com algum esforço o ar de boa disposição que nestes momentos se recomenda. Surdo que sou a recomendações do socialmente aceitável, dei publicamente notícia do cansaço que se fazia sentir em mim e soube então que estava longe de ser o único. Em Hammamet não haveria excursões com horas marcadas, não haveria saídas "to see a very typical whatever" e disporia do meu tempo, da forma que melhor entendesse. Contudo, o caminho até Hammamet era ainda oportunidade para visitar uma fábrica de tapetes que não tinha empregados porque todas as senhoras trabalhavam em casa, tratando-se, por isso, de um entreposto comercial, onde se podia comprar tapetes a preços módicos do ponto de vista tunisino, escandalosos do ponto de vista das minhas finanças. Mas foi, sobretudo, oportunidade para visitar uma pequena cidade cujo nome não me lembro, mas onde chegámos bem perto da hora da oração. Ao sair do autocarro ouvi com toda a nitidez os cânticos da chamada para a oração que achei lindíssimos. Já dentro da Medina, a caminho do souk, passei entre a Mesquita e os lavabos onde os crentes fazem as suas abluções antes da oração e têm de atravessar aqueles dois ou três metros de rua que os separam da entrada da Mesquita. Ficou-me na memória a alegria que transparecia dos rostos daqueles homens todos encharcados que iam a seguir estabelecer a relação com a transcendência. Lembrei-me das cinco obrigações do muçulmano e tentei calcular o júbilo que experimentariam, mas não obtive qualquer resultado. São coisas só acessíveis aos crentes. Depois, quando já me vinha embora por um outro caminho, dei de caras com a loja de um artesão que não chamava ninguém para dentro da loja, o que me fez entrar. Era, de facto, diferente de todos os outros. Não vendia nada que não fosse feito por ele e tinha um livro de honra, onde vi comentários de alguns portugueses, espanhóis, franceses, italianos, alemães, americanos e ingleses. Foi a última loja que visitei no Souk desta cidade.
Chegados a Hammamet, fui descansar e no dia seguinte ao dia de praia piscina e giboianço, fui a Tunis, a Sidi Bou Said e Cartago. Valeu a pena Cartago e ainda mais Sidi Bou Said onde vi água azul turquesa que pensava só existir em photoshop. Fui às termas de Antonino que ficam atrás do Palácio presidencial e que são dignas de serem vistas. Que bem que Antonino se lavava.
Voltei para Hammamet e por ali giboiei até à noite. Fui dar uma volta pela Hammamet antiga e à noite fui ver o que se passava nas redondezas do hotel. Encontrei aí uma enorme animação. Havia um dromedário muito limpinho, com oito anos, chamado Marcelino, que respondia ao nome. Perguntei ao dono qual era a esperança de vida do Marcelino e ele respondeu-me que era de vinte e cinco anos. Voltei para o hotel, para a cama, pois no dia seguinte esperava-me um vôo que foi ainda mais atribulado que o primeiro. Vi cinco cães em sete dias de viagem de norte a sul da Tunísia, tantos quantos tenho em casa.

1 comentário:

MONKO disse...

TAMBEM TIVE HISTORIAS GIRAS.
ENTREI EM TUNES NUM ANTIQUARIO PARA VER UMA ARCA EM PELE DE VACA
MUITO VULGAR TAMBEM NO ALENTEJO.
DISSE QUE NÃO QUERIA COMPRAR NADA,MAS ELE PEDUI-ME PARA FICAR A
CONVERSAR UM POUCO COM ELE.
O SUJEITO JA TINHA UMA CERTA IDADE E GOSTAVA DUMA BOA CAVAQUEIRA.
OS LUGARES QUE FALOU TAMBEM OS VISITEI.~SIDI BOU SAID DESCREVI-AS
ANTES DE ABALAR,ASSIM COMO CARTAGO.
VIM NA AIR TUNISIA,COM TUGAS CHEIOS DE UMAS ENORMES GAIOLAS PARA PASSAROS,QUE INPEDIAM QUALQUER MOVIMENTO AOS RESTANTES PASSAGEIROS,POIS LEVAVAM-NAS AO COLO.
OUTRA COISA QUE ME CHAMOU A ATENÇÃO FOI VER NOS TALHOS AS CABEÇAS ESFOLADAS DAS REZES.